#06 - Ansiedade - o que é e como lidar? 🤔 (Parte 1 de 2)
💭 Citação inspiradora
"Os sintomas, como tais, não são nossos inimigos, mas nossos amigos; onde há sintomas, há conflito, e conflito indica sempre que as forças da vida, que pugnam pela harmonização e pela felicidade, ainda lutam."
(Aldous Huxley, no livro “Admirável Mundo Novo”)
🎶 Sugestão de playlist para acompanhar a leitura dessa newsletter
Ansiedade vem do latim anxius, que por sua vez deriva de angere, que significa sufocar, apertar, estreitar - e não é que sentimos justamente um certo sufocamento e tensão quando nos sentimos ansiosos? 🤔 Quando procuramos o significado de “ansiedade” no dicionário, encontramos também definições como aflição, agonia, angústia, nervosismo.
Em junho de 2022 a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou sua maior revisão mundial sobre saúde mental desde a virada do século. Pode-se constatar o que já vínhamos percebendo de alguma forma ou de outra: a ansiedade e a depressão aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano de pandemia. Ou seja, o estresse do isolamento social e da insegurança causada pela crise mundial de COVID-19 agravou ainda mais um quadro que já era delicado (o Brasil aparece em primeiro lugar como país mais ansioso, segundo pesquisa da OMS de 2017).
Trata-se portanto de um assunto de suma importância! Mas para que possamos abordá-lo de maneira adequada e aprofundada, é relevante iniciarmos com uma breve distinção entre alguns termos que muitas vezes são utilizados de maneira intercambiável:
Estresse é uma resposta fisiológica natural do organismo diante de situações de perigo ou ameaça. Ele nos coloca em estado de alerta para que possamos lidar com o perigo. Ativa-se o sistema nervoso simpático, aumentando nossa frequência cardíaca e pressão arterial, liberando adrenalina e cortisol no organismo, etc. justamente para nos preparar para o que chamamos de “luta ou fuga”. Imagine nossos ancestrais na savana, diante de um grande predador! Foi o estresse que nos permitiu enfrentar essas ameaças e garantir a perpetuação da espécie. Nossos organismos são programados para responder dessa maneira a situações alarmantes. Esse estresse agudo passa quando a situação é resolvida. O estresse crônico, ao contrário, perdura por exemplo entre pessoas que vivem em situação de guerra e imigração forçada, de insegurança alimentar e de violência na comunidade.
Medo é uma das nossas emoções básicas (lembra dos personagens do filme “Divertida Mente” que recomendamos na última newsletter? 😊). Ele nos indica que há algum tipo de ameaça a nossa vida, a nossa saúde ou ao nosso bem-estar; nos indica de que tem algo que nos é importante e está ameaçado, como alguém que amamos. O medo é geralmente associado com um objeto identificável, como por exemplo sentir medo de altura ou de aranhas. O medo pode ser construído a partir das nossas experiências individuais (muitas vezes traumáticas) ou então a partir daquilo que aprendemos com os nossos semelhantes. Quando o medo fica persistente e irracional há o que chamamos de fobia, que traz sofrimento ou prejuízo em diferentes áreas da vida de maneira disfuncional. Segundo o livro “The Oxford Companion to the Mind”, o medo pode ser compreendido a partir de quatro componentes: a experiência subjetiva; as mudanças fisiológicas (lembra do estresse aqui em cima? 👆🏻); as expressões externas desse medo; e as tentativas de evitar ou escapar de certas situações.
Ansiedade é um estado emocional e fisiológico geralmente ligado a preocupações excessivas com o futuro. É quando nossa mente saiu correndo e está lá na frente, sabe?! Trata-se de um sofrimento cuja fonte é indefinida (e é nisso que principalmente se diferencia do medo). Ela pode englobar diferentes emoções em diferentes circunstâncias, como a raiva, a frustração, a apreensão, a tristeza, e até o próprio medo! Porém, vale lembrar que a ansiedade por si só não é boa nem ruim - ela pode nos deixar mais em alerta e buscarmos nos preparar melhor para situações que estão por vir.
Podemos pensar sobre a ansiedade a partir de uma perspectiva filosófica, complementar à psicológica. Como apresentado neste artigo de Samir Chopra (professor de filosofia em Nova Iorque), muito da Filosofia e seus questionamentos surgem justamente a partir da inquietação da ansiedade. “Somos criaturas temporais, colocadas nesse intervalo evanescente, transitório e precário entre o passado - o domínio do arrependimento e do erro - e o futuro - o domínio da antecipação e da incerteza. Modificamos nosso presente, ansiosamente, em resposta a lembranças e antecipações.” (tradução livre). Faz parte da natureza humana o desejo por conhecimento, e é absolutamente natural que busquemos certeza, bem como aquelas que estão num tempo outro que não no momento presente. A ansiedade pode então ser vista também como uma disposição humana essencial que nos leva a investigar os grandes mistérios existenciais que nos confrontam.
Bora aprofundar um pouquinho mais na ansiedade?
Identificarmos o que possivelmente está por trás da nossa ansiedade pode justamente nos ajudar a lidarmos melhor com ela, de modo que não fique disfuncional. Vamos focar em quatro fatores que podem estar relacionados com a ansiedade:
Medo de falhar ou errar: em geral, aprendemos que errar é algo muito ruim e inclusive muitas vezes somos punidos quando cometemos alguma falha! Ou seja, vamos desenvolvendo um temor de errar. Você já parou para pensar como você age e se sente quando comete algum erro? Você se pune, se acha uma pessoa burra? Pensa até no que os outros podem achar do seu erro? Ou então busca identificar quais são as suas dificuldades e necessidades que podem estar ali naquela situação?
Medo de perder o controle: outra coisa que aprendemos é que se tivermos controle de tudo (ou do máximo de coisas que pudermos), então coisas ruins não acontecerão. Ficamos com medo de que algo fuja do nosso controle, de que nós somos incapazes ou então de que aquilo que mais tememos poderá acontecer. Por exemplo, muitas pessoas têm medo de voar de avião (e não de andar de ônibus) porque sentem não estar no controle de nada enquanto estão lá no ar! Ai já viu né? Começam a imaginar os piores acidentes possíveis, quando na verdade o avião é o segundo meio de transporte mais seguro (ficando atrás apenas do elevador). Como você age quando algo foge do seu controle? Como você se sente e se comporta em situações onde existem muitas coisas fora do seu controle?
Insegurança: muitas vezes procuramos validações externas, nos outros, para as coisas que fazemos e até para aquilo que pensamos e sentimos! “Será que sou boa o bastante para esse trabalho? Será que estou bonita?”. Somos inseguros quanto ao nosso valor, nossa competência ou beleza física, por exemplo e, portanto, precisamos que os outros nos aprovem para que possamos nos sentir melhor com nós próprios. Com que frequência esses pensamentos de desvalor aparecem para você? Já parou para pensar como você lida com eles?
Vontade de apressar o tempo: às vezes queremos que o momento presente passe logo e o futuro chegue o quanto antes! Talvez porque o que estamos vivendo agora é ruim ou desconfortável. Ou então porque o que está no horizonte nos parece muito bom! Isso acaba fazendo com que vivamos o presente de maneira esvaziada e até angustiada. O que você tanto procura no futuro? Você imagina que será uma pessoa mais feliz lá na frente? O que você pode estar evitando hoje?
Na nossa próxima edição da newsletter nós continuaremos a olhar para essas quatro perspectivas, mas pensando em como podemos lidar melhor com a ansiedade de cada uma delas. Para quem quiser já ir refletindo ainda mais sobre a temática, nós fizemos uma série de postagens lá no nosso perfil do Instagram:
😧 Medo de falhar ou errar: disponível aqui
😣 Medo de perder o controle: disponível aqui
🥺 Insegurança: disponível aqui
😰 Vontade de apressar o tempo: disponível aqui
Na parte 2 desta newsletter nós daremos algumas sugestões de materiais que estão correlacionados com o assunto, e que podem te ajudar a lidar melhor com a ansiedade. Mas, para não deixar ninguém muito ansioso 😅, já vamos disponibilizar um material recheado de indicações que elaboramos com muito cuidado! Você pode fazer o download aqui.
Lembre-se: não hesite em buscar ajuda profissional!
🤓 Quem acompanhar nas redes sociais
As recomendações dessa vez são especiais! Artistas que compartilham online sua arte e que são bem relaxantes de observar! 😌
Roberta Boffo: artista italiana que se considera intuitiva, sutil e insaciável.
Pablo Azócar A.: engenheiro de formação, esse artista mistura tecnologia e pautas ambientais.
Thomas Jackson: fotógrafo de instalações
Tatsuya Tanaka: artista de miniaturas.
Yuki Kawae: artista zen. Vale muito a pena conferir os vídeos!!!
🗓️ Datas para ficar de olho
27/outubro é o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra (você pode encontrar mais informações sobre a data aqui)
29/outubro é o Dia Nacional do Livro (fizemos uma reflexão sobre a data aqui 🤓)
Esperamos que tenham gostado dessa edição da nossa newsletter! 😁
Abraços e até a próxima, Equipe ImensaMente